Muito discutido na atualidade é o
tema de acessibilidade aos cadeirantes. A Lei n 19/12/2000, nos traz os
aspectos gerais sobre a regulamentação do direito de transição as pessoas com
necessidades, como a porcentagem de vagas de estacionamentos em locais públicos
e privados, 2%, o número de sanitários adaptados, entre outros.
Vários discursos de defesa chegam até
nós, sejam eles políticos, informativos ou de cunho social, a questão é: criar
vagas nos estacionamentos, implantar rebaixamento nas calçadas, significa que
há um respeito às limitações físicas de pessoas com deficiência? Ou, é mais uma
questão de distanciamento entre teoria e prática?
Pensamos que, a conquista pela
garantia de um espaço social onde não haja exclusão a essas pessoas foi, em partes,
contemplada. É comum encontrarmos vagas em estacionamentos de supermercados,
bancos e avenidas, assim como declives na estrutura de prédios e instalações. O
que nos intriga é a conscientização da sociedade de que estes
"lugares" devem ser respeitados e resguardados a quem realmente
necessita deles.
Talvez a maioria ainda vê o
deficiente físico com uma visão piedosa e não respeitosa, como o devia ser. O
que falta, nestes casos, é colocar-se no lugar destes indivíduos e conhecer a
real rotina destas pessoas.
Visto que isso ajudaria, inclusive,
no caso de nos tornar-mos vítimas desta mesma realidade, o que está sujeito a
todos nós, já que vivemos em uma sociedade violenta, com altos índices de
acidentes no trânsito e crescentes registros de atentados armados.
Como conhecimento de causa,
conversamos com um jovem cadeirante, que foi vitima de acidente de motocicleta
e teve de adaptar-se a uma nova vida. Atualmente, suas limitações estão
conciliadas com a vida social de um rapaz de 24 anos, que está no mercado de
trabalho, cursa uma faculdade e tem uma vida social ativa. Mas para conseguir
esta realidade, nosso amigo teve que brigar pelo respeito e reconhecimento de
seu lugar na sociedade.
O que identificamos, foi que apesar
de haverem espaços físicos adequados a cadeirantes, os mesmos nem sempre são
respeitados. De acordo com o relato, seria comum chegar a um banco, e encontrar
seu "lugar reservado" ocupado por um carro de alguém que talvez
estivesse apressado demais para dispensar aquela vaga e estacionar um pouco a
frente. O mesmo acontecia nas entradas com declives, comum estarem bloqueadas
por objetos e/ou pessoas por simples descuido ou desconsideração.
A alternativa encontrada por nosso
amigo, foi recorrer a um meio de comunicação local e apelar para que suas vagas
asseguradas pela lei fossem também asseguradas pela sociedade. Foi necessário
expor-se, mais do que já o é um indivíduo com necessidades, e novamente
"lutar" por seu lugar ao sol, para mostrar aos habitantes daquela
cidade, que nela há cadeirantes que precisam utilizar das vagas, destinadas a
eles, irônico isso.
A questão levantada é preocupante. O
indivíduo se encontra em situação especial, luta todos os dias com os fantasmas
das desigualdades e das limitações, e quando, o que infelizmente não se aplica
a todos os casos, se torna forte o suficiente para levar em frente uma vida
social ativa, tem ainda que impor-se, para fazer valer as leis que o
beneficiam.
Em resumo, há a lei, há a consciência
delas e até mesmo o reconhecimento e o apreço por estes indivíduos. O que falta
é tornar prático o discurso de acessibilidade como direito a todos os seres
humanos.
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